sábado, 30 de maio de 2015

Eu sou
toda
um
mundo.
Preciso
constantemente
saber
sobre
mim

sexta-feira, 3 de abril de 2015

A pele flutua
Acima da carne
Meus braços longos
Alcançam o outro lado
Do quarto
(Do seu
coração?)
Meus braços
Longos
Foram feitos para voar

Bato asas
Em pé na janela
Meus braços longos
Perfuram
Todos os caminhos
(Aqueles que devem
ser abertos)

Deslocam nuvens
São um impacto
Para o meio-ambiente

Não voam
Meus braços longos
Foram feitos
Para cair

(Toda fé, toda areia do chão, todos os raios do sol. Eu absorvo)

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Nós somos treinados para pedir mais.
Nós temos namorados, amigos, ficantes e amantes e nós pedimos mais.
Nós exigimos um sentimento específico, um comportamento específico. Nossa felicidade passa a ser responsabilidade do outro.
A gente se conecta ao outro e isso é bom. Mas aí, a gente também exige. E a gente depende. E a gente não entende que é aquilo que o outro pode dar, que ele está disposto a dar.
E a gente não honra o presente que é ter o outro ali.
Porque é fluido demais.
E fluidez demais dá medo.
E eu sou virginiana e tenho essa necessidade de manter os pés no chão.
E eu esqueço que, mais do que racionalidade, delicadeza e presença são minhas maiores qualidades.
E empatia.
E conseguir sentir empatia.
É, amar não tá fácil, minha gente.
2015 já revolucionando.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

eu pergunto pra você
o que é necessário resgatar
onde estão
as flores deste tempo
você responde que todos os tempos são os mesmos
mudamos apenas a cadência
e que eu ando correndo muito
para alguém da minha idade
eu respondo que envelheci há 20 anos atrás
que nascer é um ato involuntário
e perder-se também
tenho escrito nas paredes
uma longa história sobre nada
sobre o silêncio de uma casa que dorme
sobre o passo em falso
antes do próximo degrau
há algo errado
com o meu
coração na mão?
com a minha
dança estranha
em torno de você?
com a minha
memória falha?
com minhas
lembranças de infância?
com eu querer
ficar?
eu queria abandonar
docemente
numa dança
girando
esquecendo
sorrindo
qualquer vestígio
seu

[como que oferece
flores aos mortos]




"trago a doçura dos que aceitam melancolicamente"
(Vinicius de Moraes)