sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Coloco você na conta das minhas dores
Junto com minha mãe, meu passado, Natal
Estou aumentando a conta das minhas dores
Estou guardando cada uma no meu estômago, no meu ventre
Tenho fé e deixo doer
Espero
Amputo membros imaginários
Estou só

(São Paulo, 29/12/2015)

Do meu diário, em 16/11/2015


"Esta imagem do giro, do grito vazio é uma constante na minha mente; Girar, girar, girar. Perder o método, recuperar. Uma estaca no peito, o coração na mão. Não há outro modo de falar sobre constância além da imagem de uma estaca no peito e um coração na mão. Nao há nada errado com isso. Minha cabeça esvazia no movimento do trem. Todos os meus sonhos são sozinhos e eu teimo em seguí-los".

domingo, 28 de agosto de 2016

Poema para Natal

Voltei ao sol
Minha casa é o sol
Na rua, derreto
Um homem passa e comenta da minha saia
A areia entra nas minhas sandálias
Corro até o ônibus
Levo os cabelos suados de uma medusa
Todos me olham com cara de pedra
Estou quase cega de claridade
Porque moro dentro do sol
Estou cansada de ser inteira luz

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

No meu peito
Uma roda gigante
De olhos abertos e fechados

terça-feira, 23 de agosto de 2016

Três vezes por dia
Quero morrer
O resto do tempo
Rio até ficar sem ar
E fico

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

eu olhando pra mais um desses
boys
e pensando
pensando
pensando
na cor da calcinha
que vou usar amanhã
no cheiro do meu moletom
sujo
que não me aquece do frio
de são paulo
da falta que sinto
de andar descalça em casa
na masturbação escondida
na praça da agaé
em mais um desses boys
eu pensando
em deixar pra lá
em desistir
de umas obsessões doces
de umas rebordosas amargas
de mais um desses boys

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Procuro fotos escondidas
clandestina
desses rapazes que eu
(como dizer?)
me apaixonei
Tenho vasculhado
e me pergunto
para onde vai o amor
cujos resquícios ficaram
nos meus olhos marejados
todo o tempo
Eu realmente não sei
se é amor verdadeiro
ou só vontade de chorar

Natal, 2012

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Quem é daqui sabe
Do sangue que corre ao contrário
Das ruínas que eu construí
Em todas as cidades que visitei
Coleciono escombros em cartões-postais
Em um deles, meu coração em uma pedra ao sol
Todos os cartões dispostos em uma parede no meu quarto
Meu quarto fica em lugar nenhum
A cada cidade, algo é demolido
Uma casa inteira cai
Eu vivo um amor-poeira
Um caos que brilha
Um sorriso amarelo
Eu estava dentro de todas as casas que caíram
Meu corpo-pó
Meus homens-máquina
Minha visão turva
Minha intensa humanidade
Meus membros espalhados na construção
Meu mar de concreto

domingo, 14 de fevereiro de 2016

Eu me quebraria inteira na sua casa
Os cacos espalhados na sala
Você me varre embaixo da geladeira
Enquanto eu procuro minha calcinha no chão

sábado, 13 de fevereiro de 2016

Você me pergunta por que eu sou tão óbvia
Eu respondo que poesia é outra coisa

Mover-se é carregar o mundo.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Acostumar-se com as borboletas que me saem pela boca muitas imensas pequenas algumas falam comigo algumas me queimam eu me lembro de vez em quando que borboletas ainda são insetos.

Vivo uma revolução por dia
E a cada dia
Todas as outras
Me parecem falsas e enganosas
Todas as revoluções
São definitivas e imensas
Nem mesmo Zapata
Zumbi
Tiradentes
Moveram o mundo
Quanto eu ao acordar