Os homens me assustam
Com suas patas ferozes
Amassando meu rosto
Os homens me assustam
Com seus pênis eretos
Penetrando minha buceta
Como se meu corpo fosse um território
A ser conquistado
Os homens me assustam
Com suas mãos
Que me viram de costas sem que eu peça
A imensidão de um corpo sobre o meu
Segurando com força meus quadris
Os homens me assustam
Mas, devo confessar
Não tenho nada a reclamar
Antes, cadela no cio
Voluntariamente deitada no chão
Esperando a cavalaria passar
Boca aberta e seios
Sem pai
Incapaz de decidir
Se gosto ou não
De ter esse estranho
Na minha cama
Como dividir o colchão
Com um corpo
Tão diferente do meu?
Sendo ele também
Depositário da paixão
Esse balão vibrante
Que se esvazia devagar
E eu torno a encher
Enquanto encho também
Os olhos de lágrimas
Encantada e medrosa
Ao mesmo tempo
Os homens me assustam
Com seus carrinhos de brinquedo
Seus bonecos de luta
Suas cervejas
E também pelo fato de que eu mesma
Gostaria de arrancar cabeças
Num grande guerra viril
Eu mesma gostaria de ter
Um pau gigantesco
E a voracidade
De devorar menininhas
De cavalgar um cavalo veloz e violento
De derrubar a cidade
Subir aos céus
E me encontrar com Deus
sábado, 27 de janeiro de 2018
quinta-feira, 11 de janeiro de 2018
só quero ir fundo
neste buraco
me desfazer
de todas as células
matar o Eu
me dissolver
virar nada
matéria que descansa
que espera
que chora a sombriedade dos dias
e também suas riquezas
quero eu ser
puro infinito
nada mais que
a percepção de um corpo
dançando
dentro do seu peito
colada
na sua retina
eu só existo
dentro do seu olho
e persisto
na queda
ao mesmo tempo que
toco fogo em mim mesma
segunda-feira, 8 de janeiro de 2018
enfio os dedos na terra
o rosto na areia
meus seios molhados de lama
num qualquer ritual
engulo tudo
e afundo
gritando:
-pai, eu tenho tanta fé
que poderia mesmo
comer Deus
por inteiro
cada estrela
bem no fundo
do meu estômago
e eu entro
no buraco negro
onde tudo é crível
e o amor é
meus olhos explodirem
em luz e sangue
a força de um touro
pescoços cortados de cisnes
tragos os testículos
na boca
e não
voltarei
o rosto na areia
meus seios molhados de lama
num qualquer ritual
engulo tudo
e afundo
gritando:
-pai, eu tenho tanta fé
que poderia mesmo
comer Deus
por inteiro
cada estrela
bem no fundo
do meu estômago
e eu entro
no buraco negro
onde tudo é crível
e o amor é
meus olhos explodirem
em luz e sangue
a força de um touro
pescoços cortados de cisnes
tragos os testículos
na boca
e não
voltarei
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