segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

enfio os dedos na terra
o rosto na areia
meus seios molhados de lama
num qualquer ritual
engulo tudo
e afundo
gritando:
-pai, eu tenho tanta fé
que poderia mesmo
comer Deus
por inteiro
cada estrela
bem no fundo
do meu estômago
e eu entro
no buraco negro
onde tudo é crível
e o amor é
meus olhos explodirem
em luz e sangue
a força de um touro
pescoços cortados de cisnes
tragos os testículos
na boca
e não
voltarei

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