Estou em busca da beleza. Como se 30 pregos estivessem cravados no centro do meu coração. Como se eu carregasse uma coroa de espinhos. E chagas que nunca fecham. As chagas são a beleza. Sou escrava da beleza. Vim até aqui em busca da beleza. Não quero falar do que dói porque estou cega de tanta maravilha. Deitada embaixo de um céu que me toma. Sucumbindo mil vezes diante da vida. Chupo um pau como se estivesse diando do Senhor. Mantenho os olhos muito aberto para que eu não perca nada. Para que eu não esqueça nada. Meu corpo não é suficiente. Estou conectada ao Sol, às estrelas e eles queimam. Eu também queimo porque nasci com o destino já traçado. Não há escapatória. Não há sequer fracasso. O fracasso é impossível. Sou irremediavelmente terrena e procuro o centro do mundo. Pegar o magma escaldante com as mãos. Não tenho tempo para os fatalistas. Estou morrendo de tanta luz.
domingo, 15 de julho de 2018
terça-feira, 10 de julho de 2018
Hoje, acendi 13 velas. Não pude fazer nada. Não confio em nada. Fui engolida pela civilização. Encontro cachorros mortos em sonhos. Em sonhos, sou acusada de roubo, assassinato. Fujo para não ser presa. A loucura em espreita. A loucura cheira meu pescoço. Eu morro de medo. Mijo nas calças. Morro de medo de perder o controle. Morro de medo dos meus dentes trincando num caminho sem volta. Andar no escuro sozinha, suja, envolvida no meu próprio vômito. Sou apenas uma mulher e tenho medo. Não fui criada para a loucura. Não me imagino rolando no chão com as mãos entre as pernas. Gozando no pátio de um hospício. Eu morro de medo de gozar. Eu morro de medo da paixão. Não quero a paixão. Me recuso a ver meu corpo apodrecido no asfalto. Apodrecido e sozinho. A paixão é sempre sozinha. Como pão, como velas, como polvos inteiros, ostras e cavalos. Não quero nada. Me recolho ao centro do sol e queimo.