terça-feira, 10 de julho de 2018

Hoje, acendi 13 velas. Não pude fazer nada. Não confio em nada. Fui engolida pela civilização. Encontro cachorros mortos em sonhos. Em sonhos, sou acusada de roubo, assassinato. Fujo para não ser presa. A loucura em espreita. A loucura cheira meu pescoço. Eu morro de medo. Mijo nas calças. Morro de medo de perder o controle. Morro de medo dos meus dentes trincando num caminho sem volta. Andar no escuro sozinha, suja, envolvida no meu próprio vômito. Sou apenas uma mulher e tenho medo. Não fui criada para a loucura. Não me imagino rolando no chão com as mãos entre as pernas. Gozando no pátio de um hospício. Eu morro de medo de gozar. Eu morro de medo da paixão. Não quero a paixão. Me recuso a ver meu corpo apodrecido no asfalto. Apodrecido e sozinho. A paixão é sempre sozinha. Como pão, como velas, como polvos inteiros, ostras e cavalos. Não quero nada. Me recolho ao centro do sol e queimo.

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