sábado, 25 de outubro de 2014

Eu passei a correr no asfalto
A deitar na areia
A colar meu corpo
a toda e qualquer parede
Eu passei a esperar embaixo do sol
da minha cidade
A dar as mãos aos mendigos
A me aprofundar em nada
E não mais reconhecer
as águas do mar
Eu passei a perder as palavras
E não tentar recuperá-las
Eu passei a desenhar círculos
A deitar no meio deles
A dormir e engatinhar
E regredir
E não ter qualquer pensamento
Eu passei a descansar profundamente
A voltar atrás no que havia dito
A não saber mais como falar
A me fechar novamente em mim mesma
A cair
A me mover lentamente
A não esperar
Nunca mais

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