quarta-feira, 21 de junho de 2017

A manhã nasce da minha boca
No sonho quase acordado
Quase real
Em que eu sou um cachorro
Dando voltas infinitas
Atrás do próprio rabo
Outro dia eu sonhei
Que era um cão
Morrendo sozinho
Atropelado
No asfalto quente
E acho que essa é a imagem
Mais triste que existe
No espelho eu tento
Não ser tão sombria
Não ser tão sozinha
Mas, eu tenho mãos
E não sei o que fazer com elas
Além de
Segurar meu coração
Em frente a pia
E ele sempre me escapa
Escorrega
Enfim
O tempo é uma bomba
Dentro da minha cabeça
E eu não sei falar sobre nada

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