sexta-feira, 30 de junho de 2017

Eu monto você paulatinamente
Faço uma dança
Para um boneco inerte
Que ganha vida
Dentro do meu quarto
Gasto assim minha energia
Perco fácil também
E respiro seu hálito artificial
Toda catuaba
Que eu bebo
Num dia de Carnaval
Em São Paulo
Não me faz mais corajosa
Tenho desenvolvido
Esta dança cega
Que não respeita limites
Que comete todos os enganos
A ponto de achar
Que você
Até mesmo existe
Danço com uma venda
Nos olhos
Desajeitadamente
Cruelmente
Sem fim
Danço com um vestido rasgado
Na água que a enchente traz
No meu quarto invadido
Com meus pés machucados
De bailarina
Eu danço cegamente para você
Que nem existe
Danço nua
As costas tortas
Eu sempre fui torta
Absurdamente torta
Pernas que se partem
Asas molhadas
E eu soltando penas

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