quinta-feira, 25 de março de 2010

SOBRE VOLTAR AO MESMO LUGAR



Eu sempre sinto medo de sair de casa. Principalmente dias antes de pegar o avião. Mas eu sempre insisto em sair. Dessa vez, eu tive medo dos problemas no meu trabalho, da questão do dinheiro, de não ser bem recebida em cidades estranhas (boas e más surpresas me aguardavam).

O negócio é que, independente disso, eu sempre sei, lá no meu íntimo, que eu preciso ir embora. Que é preciso se deslocar. Que Natal me entorpece e não é isso que eu quero. Nunca foi. Desde pequena.

Curitiba, onde eu fiquei mais tempo desta vez e onde ainda estou, me despedindo sem vontade de voltar, me irritou e deprimiu, logo de cara. Mas aí eu me apeguei um pouquinho a esse lugar. Ao movimento, ao ar de interior, mas onde você pode achar coisas completamente inusitadas (São Paulo é uma cidade adorável, mas uma cidade de malucos. Quem vai pra lá precisa saber disso), ao Centro bonito e cheio de gente, a noite que nem tá tão fria assim essa época.

Aqui eu conheci o Bortolotto, o que mudou minha perspectiva em uma série de coisas. Quer dizer, não é preciso se importar de verdade. Eu sou apenas o que sou.

Mas eu resolvi escrever isso aqui só pra falar sobre o espetáculo "Vida", da Cia. Brasileira de Teatro, que é da cidade. Ele fala sobre quatro pessoas que estão presas em um lugar. E esse lugar faz parte delas, mas elas estão presas. Eu também me sinto assim e, por isso, vou voltar meio à contragosto. E o medo de esse sol todo me amolecer?!

Eu volto pensando que o melhor de Natal são as pessoas que eu, muito sabiamente, deixei/fiz com que me cercassem. Tem o meu menino Yuri, tem o Juão que eu só pude conhecer melhor aqui, tem o Sandro e a energia toda dele (isso já me alimenta) e a sombra da casa dele também, tem o Paulo e o nosso sentimentalismo compartilhado, tem a Débora e as muitas, muitas risadas que eu dou com ela (eu sempre vou pra casa achando que tudo é mais feliz). Tem mais gente que eu não vou falar aqui.

São só vocês que me mantêm na terra das pinturas de cajus.

"Se o sol se cansa/E a noite lenta/Quer ir pra cama/Marmota sonolenta/Eu, de repente/Inflamo a minha flama/E o dia fulge novamente/Brilhar para sempre/Brilhar como um farol/Brilhar com brilho eterno/Gente é pra brilhar/Que tudo mais vá pro inferno/Esse é o meu slogan/E o do sol" (Maiakovski)

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