Amigos e amigas:
A performance de Pedro Costa, registrada na notícia sobre o Salão de Artes Visuais, pertence a uma linhagem clássica da modernidade que remonta, ao menos, a Man Ray (a bela fotografia “La prière”, de 1930, que pode ser localizada em qualquer site dedicado a esse autor) e a uma montagem do Teatro Oficina, a partir de texto de Antonin Artaud, “Para dar fim ao juízo de Deus” (um ator defecava em público, recolhia a matéria em pequena urna de acrílico, que circulava de mão em mão), sem esquecer do “Soneto do olho do cu”, de Rimbaud e Verlaine.
Certamente, é difícil comentar uma performance a partir de descrição e fotografia. Tive a impressão, sem assistir ao ato, que a cena foi superior a sua explicação pelo artista – excessivamente didática, apelando para lugares comuns. E um terço saindo do ânus é diálogo entre as partes: sacralização do órgão humano, humanização do objeto sagrado. Prefiro não reduzir a cena a uma visão degradada do ânus nem a uma visão degradante do objeto ritual religioso. Melhor encarar a humanização de tudo naquele íntimo encontro: o ânus como fonte de tudo.
Abraços a todos e todas.
Publicado aqui.
Mais no blog do grupo Destemidx.
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